sábado, 16 de junho de 2007

Georges Bourdoukan nos agracia com um Maravilhoso Espetáculo

Sempre achei muito interessante o movimento das Cruzadas, massas de homens brandindo espadas e matando em nome de Deus num furor sangüinário, cidades arrasadas, muitos mortos e tudo isso por alguns nacos de deserto cercados por inimigos...não se pode negar o atributo coragem ao nosso "heróico" cavaleiro franco e cristão, afinal nada como o sangue dos hereges pela manhã para renovar a fé em Deus...HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA...
O mais interessante para mim nisso tudo foi a grande discussão teológica que se originou por causa das Cruzadas, afinal retomar a Terra Santa usando do sangue e das armas ia/vai contra aos ensinamentos dum sacrificado que pregou o amor ao próximo, mas sacumé, aos monges os sofrimentos dum debate teológico e aos cavaleiros e a plebe fedorenta as glórias dum campo de batalha...bem, vamos ao texto do senhor Georges Bourdoukan, que é jornalista e escritor, autor da Incrível e Fascinante História do Capitão Mouro e de O Peregrino.

"A imagem é rara, raríssima. Um arco-íris em pleno deserto. É para lembrar, segundo antigos mitos, a aliança com Deus. Mitos que foram incorporados pelas religiões, como o foram a Arca da Aliança, o monte de pedras e as ressurreições de Tamuz, Mitra, Átis, Osíris e outros tantos, até Jesus, o Cristo, que só passou a ser considerado Deus e não um profeta mortal, a partir do Concílio de Nicéia, em 325, com o voto de 318 dos 1800 bispos do Império Romano. Até o século IV, o nascimento de Jesus era celebrado no dia 6 de janeiro. Essa data foi modificada em 321, para o dia 25 de dezembro, a pedido do Imperador Constantino, em homenagem ao Sol Invictus.

Um preâmbulo longo, é verdade, mas necessário para relatar as atrocidades que o fanatismo religioso causa, como o ocorrido em 13 de janeiro de 1099, durante a tomada de Jerusalém pelos vinte mil cruzados sob o comando de Boemundo, Tancredo, Roberto da Normandia, Godofredo de Bouillon e Roberto de Flandres. A história registra que na mesquita de Al-Aksa eles degolaram mais de quinze mil mulçumanos que ali procuraram refúgio e que depois de expulsar os cristãos ortodoxos gregos, coptas, jacobitas, armênios e monofisistas, queimaram os mais de dois mil judeus que se refugiavam na sinagoga. Mas tarde, um conselho presidido por Godofredo ordenou o extermínio de todos os mulçumanos de Jerusalém, num total de setenta mil pessoas. Essa operação durou oito dias. Relatos da época dizem que os cruzados praticaram as mais “repugnantes orgias, desde violação de cadáveres até canibalismo”.

O cônego Raimundo de Aguilers, capelão dos invasores, deixou esse relato em sua história Francorum que Ceperunt Ilherusalem: “Maravilhoso espetáculos alegravam nossas vistas. Alguns de nós, os mais piedosos, cortaram as cabeças dos mulçumanos; outros os fizeram alvos de suas flechas, fazendo-os cair dos telhados das mesquitas; outros foram mais longe e os arrastaram até as fogueiras. As ruas e as praças de Jerusalém estavam entulhadas de cabeças, pés e mãos. Mas isso não é nada comparado com o que fizemos no interior da mesquita edificada sobre o antigo Templo de Salomão. Ali, os cadáveres dos fanáticos de Maomé flutuavam no sangue arrastados de um a outro ponto. Mãos e braços cortados flutuavam para juntar-se a corpos que não lhes correspondiam. Em muitos lugares, o sangue chegava até nós em ondas e os soldados que faziam essa carnificina não conseguiam respirar devido ao vapor que ali exalava. Quando não havia mais mulçumanos que matar, os chefes do exército se dirigiram em procissão até a Igreja do Santo Sepulcro para a cerimônia de ação de graças”."

quinta-feira, 31 de maio de 2007

O sublime tratado sobre monogamia, família e palestra da AEMS.

Mexendo nos obscuros recantos de uma certa pasta minha, achei esse antigo texto, da agora distante época de meu terceiro colegial...um texto com uma história razoavelmente interessante, já que é um texto feito sobre um tema inexistente...deixe-me explicar... por ventura, naquele tempo, tinhamos essa tal palestra dos professores da AEMS para assistir, coisa que é claro que não fizemos, afinal a palestra aparentemente não iria falar sobre mecânica quântica, dominação mundial ou conspiração alienígena, mas para nosso desespero, a Mercedes, minha antiga professora de redação, pediu, melhor, ordenou que fizessemos um texto sobre essa bomba de palestra, texto esse em grupo. Bem, esse nosso grupo tinha quatro pessoas, pessoas essas que assim como eu nada viram da palestra, ou seja, tinhamos um belo zero em mãos, já que não tinhamos tema e portanto não teriamos redação para entregar...imaginar o maldito sorriso da Mercedes enquanto nos dava um zero era demais, logo Raví (uma criatura que também atende pela alcunha de cerebroso, isso mesmo, é o cara que tecnicamente é membro efetivo desse blog) e eu botamos os outros dos membros do grupo para de algum jeito obter os dados sobre essa funesta palestra, esses outros dois membros ligaram mais tarde com o que achavam ser os temas dessa palestra, monogamia e família (só um detalhe, esses não eram os temas da palestra, e até hoje não sei que temas eram esses), e foi assim que saiu esse belo texto que se segue...acho que a história do texto é tão boa quanto o texto, o que não é grande coisa, mas deixemos nossa balança de lado e vamos ou maldito texto.



Raví já há muito bradava aos quatros ventos: confiar demais numa mulher que não seja sua parente pode te criar sérios entraves jurídicos. No máximo faço sexo com ela. E o Mário arrematava: e a família é um maldito encargo social que se carrega após uma transa sem camisinha. E, obviamente, sem coito interrompido e todos os outros contraceptivos perdidos. A palestra fornecida pelos professores da AEMS só serviu para confirmar as máximas acima proferidas e explanadas.

O que tratou das questões jurídicas mostrou as entranhas do código civil brasileiro e de todas as pegadinhas para todos os tarados de plantão que tentam agarrar qualquer uma que esteja com vontade de ser penetrada por um órgão formado por dois tipos de corpos, o cavernoso e o esponjoso (também vale para o sexo oposto, obviamente cm as devidas modificações estruturais) Demonstrou que o código civil brasileiro é monogâmico e não atenta para a poligamia presente em nossa memória genética, ou seja, é mais um meio de inserir valores socializantes e limitadores da vida sexual, assim como a moral é para a ciência.

Já o nosso outro amigo palestrante instigou nos que babavam o paradoxo da família, já que todo o desenvolvimento do intelecto humano teve inicio com a aglomeração familiar (tem a parte das vaquinhas também, mas elas não foram motivadoras de nenhum grande e profundo debate filosófico lá nos primórdios, só serviram mesmo para nos fornecer proteína), que fornecia segurança e ouvidos-pinicos para a discussão de idéias, como quem criou o mundo ou de como destruir os EUA. Porém, essa tão boa instituição começou a limitar a velocidade desse desenvolvimento colocando e/ou criando lendas (bicho papão, mula-sem-cabeça, deus, diabo, coelho da páscoa). O que permitiu passava a frear. A mente dos pobres que assistiam começou a latejar perante tamanha questão metafísica, política e escolástica. Pluft!

A finalização não foi à altura do palestrado, uma vez que se esperava revolta popular e sangue no final, porém a moral e os bons costumes da igreja impediram o banho de eritrócitos, plaquetas e linfócitos (tripas e membros esquartejados também contam). Mas a palestra serviu para comover os ouvintes, ganhar nota da Mercedes e escrever este grande tratado filosófico que entrará para os anais da história. Pluft!

domingo, 15 de abril de 2007

Presente!!!

Bem, meus nulos leitores, resolvi, num momento de absoluta falta do que fazer (bem, na verdade faz um bom tempo que ando pensando em escrever algo que preste por aqui), dar uma injeção de adrenalina nesse negócio seguida por uma boa desfibrilada, e digo isso pois volto a movimentar esse "grandioso" blog com um poema do grande Konstantino Kaváfis (1863-1933), poeta grego muito caracterizado por sua ironia e pessimismo, como poderão notar no poema abaixo.

À Espera dos Bárbaros

O que esperamos na ágora reunidos?

É que os bárbaros chegam hoje.

Por que tanta apatia no senado?
Os senadores não legislam mais?

É que os bárbaros chegam hoje.
Que leis hão de fazer os senadores?
Os bárbaros que chegam as farão.

Por que o imperador se ergueu tão cedo
e de coroa solene se assentou
em seu trono, à porta magna da cidade?

É que os bárbaros chegam hoje.
O nosso imperador conta saudar
o chefe deles. Tem pronto para dar-lhe
um pergaminho no qual estão escritos
muitos nomes e títulos.

Por que hoje os dois cônsules e os pretores
usam togas de púrpura, bordadas,
e pulseiras com grandes ametistas
e anéis com tais brilhantes e esmeraldas?
Por que hoje empunham bastões tão preciosos
de ouro e prata finamente cravejados?

É que os bárbaros chegam hoje,
tais coisas os deslumbram.

Por que não vêm os dignos oradores
derramar o seu verbo como sempre?

É que os bárbaros chegam hoje
e aborrecem arengas, eloqüências.

Por que subitamente esta inquietude?
(Que seriedade nas fisionomias!)
Por que tão rápido as ruas se esvaziam
e todos voltam para casa preocupados?

Porque é já noite, os bárbaros não vêm
e gente recém-chegada das fronteiras
diz que não há mais bárbaros.

Sem bárbaros o que será de nós?
Ah! eles eram uma solução.

Tradução de José Paulo Paes